Saturday, August 22, 2009

Mekong, Vientiane, Lao, Jan08


Existem aspectos culturais, que embora datem de uma outra realidade, não se perdem quando a cidade ou sociedade evolui de modo a trazerem a percepção que estes se transformaram em retrógrados.

Em um fim de tarde, andando pela capital do Laos, Vietiane, fui para a margem do Mekong, onde hoje em dia vê-se não mais pequenas vilas e populações ribeirinhas, mas sim bares com uma pretensão ocidental, na certa buscando atrair um turismo crescente, e feiras que vendem de tudo. Ao sentar-me no barranco da margem, olhando para o rio, notei algumas pessoas andando pelo rio, aproveitando da escassez de água e da docilidade que o período de seca proporciona. Estas pessoas estavam pescando, utilizando apenas uma vara, com o objetivo de, em um movimento certeiro, capturar o jantar.

Mesmo com outras técnicas disponíveis, sem duvida mais certeiras e igualmente pouco custosas, aquela pescaria rudimentar me trouxe uma nostalgia de um tempo que não vivi, e me encheu a alma com uma tranqüilidade e calma, de épocas mais simples.

Sunday, August 16, 2009

São Paulo, Brasil, Abr08


Normalmente tiramos fotos de lugares que visitamos, que conhecemos, ou de eventos e pessoas que gostaríamos de recordar, como se desconfiássemos de nossa memória e quiséssemos prova de que aconteceu ou quiséssemos uma ajuda para lembrar. Mas raramente tiramos foto do que estamos acostumados, da realidade que nos permeia e nos cerca.

Eu gosto de ocasionalmente sair com uma câmera na mão, percorrendo lugares que freqüento e estou bem habituado, como se a câmera fosse um novo par de olhos, que enxerga aquela realidade pela primeira vez, e busca coisas que, no meio daquele normalidade familiar, me surpreendam.

Um dia desses estava andando pelo meu bairro, Alto da Lapa, em mais um desses experimentos visuais e notei a morada de uma família no meio de um muro, com a parede compartilhada com um muro que separa a linha do trem e o teto amparado por uma arvore que encontrava espaço para sua magnitude em meio a um mundo de concreto que veio a cercá-la. Essa morada me intrigou, por passar por invisível aos inúmeros transeuntes e moradores do bairro, com habitantes igualmente relegados a invisibilidade perante a sociedade, que buscam meios de sobreviver em um mundo que não lhes parece pertencer.

Friday, August 14, 2009

Central Park, New York, Jul09 / Jazz Showcase, Chicago, Jul09



Se os olhos são a janela da alma, não tenho a menor dúvida de que a música é a trilha sonora da minha alma. A musica é capaz de gerar sentimentos, ou prover uma melodia que acompanha tão bem um certo estado de espírito. E dentre meus estilos favoritos de musica esta, sem sombra de duvida, o Jazz. A maneira como o Jazz evolui, seguindo um curso pré-definido, mas ao mesmo tempo marotamente se desviando, criando rotas próprias em maravilhosos solos que se encaixam perfeitamente com os demais instrumentos uma foto musical de uma complexidade tremenda e ao mesmo tempo harmoniosa melodia, me encanta.

A primeira foto o jazz me pegou de surpresa; em um passeio em um dia ensolarado pelo Central Park as primeiras notas chamaram minha atenção de longe, e desviaram meu curso, fazendo com que eu, me guiando apenas pelo som que ecoava dos instrumentos, encontrasse com uma banda que tocava para os transeuntes no parque. E ali, sentado na grama, me deixei envolver pela envolvente melodia que ecoava junto com os raios de sol em uma bela manhã.

Na segunda foto o encontro foi premeditado. Depois de me informar, acabei, em boa companhia, em um dos clubes de jazz mais conceituados de Chicago, para assistir ao trio de Mulgrew Miller. Em um cenário propício, com mesas redondas e um ambiente agradável, nada melhor do que um jazz muito bem tocado e um vinho para embalar pensamentos em uma noite estrelada.

Thursday, August 13, 2009

Campos do Jordão, Jul08



Eu tenho um sentimento misto com relação ao inverno; apesar de eu não gostar do incentivo a reclusão que um tempo frio traz, é inegável que aquela sensação térmica mais amistosa e a beleza das cores que o horizonte nos proporciona trazem beleza a vida.

Em Campos do Jordão, destino usual dos paulistanos para um inverno, a beleza natural faz uma bela companhia a temperatura quase européia. Não há nada mais belo do que um passeio pelas natureza acidental de Campos, observando o tímido sol, de ferias de sua imponência, se esconder atrás das belas montanhas, ressaltando o azul do céu de brigadeiro de inverno.

Sunday, August 9, 2009

Rio de Janeiro, Fev09


Apesar de morar em Sampa e gostar bastante da cidade devo admitir que sou apaixonado pelo Rio. Alem da beleza natural e das maravilhosas praias há muito mais no Rio que me fascina. Acho que as pessoas são mais abertas, mais leves, e a cidade (ou melhor, parte dela) é mais convidativa a uma vida na cidade, não dentro de carros passando pela cidade.

Essa foto eu tirei em um belo fim de tarde, da casa de um grande amigo, no Leblon. Nela a beleza natural e a praia do Rio se misturam com os grandes prédios da metrópole que é, ainda assim mantendo a harmonia e beleza da cidade.

Não sou eu, com minha parca habilidade descritiva, que vou discorrer sobre as belezas do Rio, quando tantos outros já discorreram e cantaram muito melhor, mas uma coisa é certa: ainda moro no Rio!

Bar Leo, São Paulo, Mar09


Como já disse anteriormente acho que existem poucas coisas mais genuínas do que a maneira com crianças externalizam seus sentimentos através da expressão facial. Tenho minhas duvidas se os sentimentos delas são mais intensos ou se simplesmente não tem os filtros que nós desenvolvemos ao longo da vida, buscando mascarar os sentimentos de modo a evitar demonstrações de vulnerabilidade.

Esse dia estava com alguns amigos no Bar Leo, um bar tradicionalíssimo situado no centro de Sampa, próximo a Santa Efigênia. Ao encontrar com algo desconhecido que sua mãe (ou alguma figura familiar) lhe oferece, a garota responde com um interessante misto de receio, aparentemente por desconhecer o que lhe é oferecido, e de total confiança, se dispondo a comer mesmo sem qualquer explicação ou encorajamento.

Thursday, August 6, 2009

Khajuraho, Índia, Jan09


Kahjuraho é uma pequena cidade no região de Madhya Pradesh com templos medievais Hindus e Jain com esculturas fenomenais. Alem disso possui um clima bucólico muito agradável e bem interessante para caminhadas despretensiosas, onde você consegue participar de uma vida indiana bem distinta da corrida vida nas metrópoles super indianas super populosas.

A volta a casa depois de um dia de trabalho no campo, desta família indiana, com um cenário de paisagem campestre e pássaros voando me traz um sentimento de calma, de tranqüilidade que apazigua a alma. Nada parece preocupar ou apressar o tempo e os co-habitantes deste belo cenário...

Sunday, August 2, 2009

Hanói, Vietnam, Jan08


O Vietnam é famoso por suas bicicletas e motos que são o principal meio de transporte. Não há como andar pelas ruas sem ouvir o incessante barulho das buzinas das motos, que em hordas transitam pelas cidades e interior do Vietnam.

Essa rua é uma rua bastante conhecida de Hanói, onde alem das inúmeras lojas com lembranças do Vietnam e produtos de origem e autenticidade duvidosas há um transito bastante considerável. Esse caos de motos, pessoas e comércio, onde aparentemente não há (ou não se respeita) qualquer regra de organização social conhecida, em um primeiro momento assusta. Mas um olhar mais próximo e uma imersão no convívio mostra que mesmo o aparente caos flui de uma maneira assustadoramente harmônica, sem qualquer irritação ou impaciência, e essa massa humana e de maquinas flui de maneira pacifica e ordenada para o destino final.

Saturday, August 1, 2009

Vientiane, Laos, Jan08 / Pushkar, Índia, Jan09



Embora eu seja ateu, religiões sempre me interessaram muito. Sem entrar no debate dos problemas e distorções que as instituições religiosas trouxeram ao mundo, contemporâneo e ao longo da historia, a crença da pessoas em deuses e seres superiores e a devoção à estes são sentimentos únicos.

Na foto de Vientiane, a devoção com que a mulher reza pareça levitá-la do mundo e das preocupações diuturnas, levando-a a um outro nível espiritual.

Na foto de Pushkar vemos um sadhu, uma espécie de homem santo do hinduísmo, que abdica de uma vida comum em busca da espiritualidade. As restrições as quais os sadhu (ou babas, como são freqüentemente chamados na Índia), são das mais diversas, embora eu ache notável a paz de espírito que tamanhas limitações mudanas trazem a eles, quando na acepção comum do mundo moderno traria angustias e incertezas.