Sunday, August 16, 2009

São Paulo, Brasil, Abr08


Normalmente tiramos fotos de lugares que visitamos, que conhecemos, ou de eventos e pessoas que gostaríamos de recordar, como se desconfiássemos de nossa memória e quiséssemos prova de que aconteceu ou quiséssemos uma ajuda para lembrar. Mas raramente tiramos foto do que estamos acostumados, da realidade que nos permeia e nos cerca.

Eu gosto de ocasionalmente sair com uma câmera na mão, percorrendo lugares que freqüento e estou bem habituado, como se a câmera fosse um novo par de olhos, que enxerga aquela realidade pela primeira vez, e busca coisas que, no meio daquele normalidade familiar, me surpreendam.

Um dia desses estava andando pelo meu bairro, Alto da Lapa, em mais um desses experimentos visuais e notei a morada de uma família no meio de um muro, com a parede compartilhada com um muro que separa a linha do trem e o teto amparado por uma arvore que encontrava espaço para sua magnitude em meio a um mundo de concreto que veio a cercá-la. Essa morada me intrigou, por passar por invisível aos inúmeros transeuntes e moradores do bairro, com habitantes igualmente relegados a invisibilidade perante a sociedade, que buscam meios de sobreviver em um mundo que não lhes parece pertencer.

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